Bem-vindos a mais uma crónica.

Estamos a dirigir-nos para mais um Pay-per-View da World Wrestling Entertainment, desta vez o No Mercy, sendo um card não tão bom como dos últimos PPV’s da WWE. Vejamos, e comecemos logo pelo Main-Event: temos um King Booker vs Lashley vs Batista vs Finlay para o World Heavyweight Title. Quando vi a mudança deste card pensei logo que a WWE iria colocar o Batista já como campeão e arrumar com a questão, até que sai o poster, presumivelmente o oficial, do Survivor Series, em que se vê o três campeões. Cena do Raw, Big Show da ECW e King Booker do SmackDown!. Por isso, agora, a minha aposta vai para a manutenção do título na cintura do rei, para já, e perdê-lo ainda antes do final do ano. Para ser breve, vamos também assistir a um Matt Hardy vs Gregory Helms, que será porventura o melhor combate da noite. Como isto é um PPV do SmackDown! e o homem que vou falar está lá a fazer comentários, achei por bem falar disto.

Não pensam que vou falar do Michael Cole, não, vou falar do “compincha” dele, nos comentários, John Bradshaw Layfield. Como sabem, este lutador que marcou certamente a geração que começou a ver wrestling há pouco tempo, tornou-se o colega de Cole no SmackDown! após a saída de Tazz para a ECW. Estava curioso em ver como JBL, o grande campeão da WWE, se saíria a comentar e digo-vos: muito bem. Também não fiquei nada surpreendido visto o poder que este homem, com uma gimmick adequada, tem ao microfone. Se virmos que Layfield entrou no main-event do SmackDown! há quase 3 anos, a afirmação que a gimmick melhorou-o e muito é verdadeira e vão já ver porquê. Falando um pouco de JBL como wrestler, não vou dizer que era um prodígio, ou que era muito mau. Só vou dizer que era razoável. Razoável, porque não tinha um move-set muito longo é verdade, mas lá se aguentava com uma boa postura no ring. Como se sabe, também não é possível ter sucesso no Pro Wrestling (especialmente na WWE) sem ter carisma e mic-skills, coisa que Layfield tem e que muitos poucos conseguem igualar.



As suas personagens antes do homem de negócios “JBL”, não foram muito em favor de Layfield e da sua pessoa, sendo um homem digamos “negro”, um homem que procura a porrada. Então cria-se a personagem JBL, baseado no seu sucesso fora do ring como homem financeiro e político, continuando com o seu estilo de luta. Pessoalmente, sempre achei graça a esta gimmick, em que, apesar de ser “heel”, divertia-me com os seus discursos e o seu sucesso com micro, visto que o público assobiava de imediato. Se um heel fala e as pessoas assobiam (e muito) é sinal de sucesso garantido. A razão para o post desta semana é o rumor na Internet que circulou dizendo que John Bradshaw Layfield teria pedido aos responsáveis da WWE para sair da companhia, por causa da sua ocupada vida com os negócios. Há poucos dias, essa notícia foi mesmo desmentida no site da WWE com JBL a dizer que quem inventou essa história é um pedaço de bosta e devia ser despedido. Espero que este desmentido seja verdade e que JBL continua, porque está a fazer um excelente trabalho. Vejamos, primeiro, a carreira de JBL.

Layfield nasceu no Texas. Antes de entrar no mundo do Pro Wrestling, John jogou futebol americano no Abilene Christian University. Acredita-se que JBL chegou a jogar na NFL nos Los Angeles Raiders, mas não na lista dos jogadores da equipa desde a sua fundação. JBL diz que também teve uma passagem pelo Campeonato de Futebol Americano do Canadá, mas iria optar pelo wrestling. Foi treinado inicialmente por Brad Rheingans e começou a lutar na Global Wrestling Federation, no Texas, em 1992. A sua primeira gimmick foi de Johnny Hawk, primo dos famosos irmãos Windham. Curiosamente, estes são também naturais da terra natal de Layfield (Sweetwater), mas não há nenhuma relação de parentesco entre eles. JBL formou os “Texas Mustangs” com Bobby Duncum, Jr. e rapidamente venceram os títulos de Tag Team, perdendo-os depois para Ian & Axl Rotten. Nesta sua carreira antes da World Wrestling Federation/Entertainment, Layfield ganhou ainda o NWA North American Title, derrotando Kevin Von Erich, e perdeu para Greg “The Hammer” Valentine, dois meses depois.


Depois de três anos e meio nos circuitos independentes, Layfield apareceu pela 1ª vez na World Wrestling Federation como Justin “Hawk” Bradshaw, nos finais de 1995. A sua gimmick inicial, era a de um cowboy/homem da montanha duro de roer, parecido com Stan Hansen. Depois das vitórias, marcava os adversários com o símbolo “JB”. Tendo como manager Uncle Zebekiah, a sua personagem não teve grande sucesso, sendo lembrada talvez, apenas, por uma feud com SavioVega e um combate frente a Fatu, em que ele ganhou em Oito segundos. Layfield, depois, rapidamente formou uma tag-team com o seu “primo” (em storyline) Barry Windham e formaram os “New Blackjacks”, tendo semelhanças com os originais. A herança estava lá, pois um dos elementos dos antigos Blackjacks (Mulligan) era pai de Windham, e o outro, Lanza, era tio de Bradshaw. Durante 1997, as lesões que atormentavam Barry Windham, portanto a equipa acabou e Layfield lutou apenas ocasionalmente na TV como “brawler”, simplesmente chamado “Bradshaw”, por vezes fazendo tag-team com o texano Terry Funk.

Nos finais de 1998, Layfield juntou-se ao ex-Campeão Mundial da WCW, Faarooq, num último esforço da WWF para salvar as carreiras dos dois lutadores, formando uma tag-team powerhouse, chamada “Hell’s Henchmen”, que tinham como manager, Jackal. Esta seria uma das tag-teams mais fisicamente poderosas da história da WWF. Jackal saiu da WWF e a tag-team juntou-se aos Ministry of Darkness, liderados por Undertaker, com o nome de “Acolytes”. Os Ministry of Darkness entraram em feud com a Corporation e Layfield “feudou” com Ken Shamrock. No entanto, a stable seria derrotada por “Stone Cold” Steve Austin e ‘Taker retiraria-se por uns tempos do wrestling, e por isso, a gimmick “negra” de Bradshaw e Faarooq desapareceu.


A dupla virou face para se tornarem numa dupla “bar brawler” e fumadora. De calças de ganga e T-Shirt, os dois formaram os “Acolytes Protection Agency”. Bradshaw e Faarooq eram vistos frequentemente nas “traseiras” das arenas com uma mesa de poker, que era uma espécie de “marca registada”. Se a sala ficasse destruída numa edição, por alguma razão, na semana seguinte, seria decorada da mesma maneira que acabou na semana anterior, ou seja, tentando dar o efeito da não mudança de recinto ou da continuação do tempo. Dentro do ring, os APA venceram os WWF Tag Team Titles um total de três vezes. Bradshaw venceu até o European Championship em Outubro de 2001, durando nove dias como campeão. No início de 2002, Bradshaw e Faarooq separaram-se devido ao “roster split” do Draft. Durante esta altura, Bradshaw venceu o Hardcore title múltiplas vezes, num total de 18 títulos. Em Setembro de 2002, Layfield sofreu uma lesão num house show e esteve de fora seis meses, regressando á Ohio Valley Wrestling e, poucas semanas depois, ao roster da WWE. Ele regressou num episódio da SmackDown!, em que ele e Farooq salvaram Undertaker de Chuck Palumno e Johnny Stamboli. Layfield regressou com um novo look, cortando o cabelo e aparecendo sem barba. Depois disso, ele e Faarooq competiram pelos WWE Tag Team Titles. Os APA tiveram vários títulos de Tag Team na WWE e na OVW, até Bradshaw virar-se contra Faarooq numa storyline em 2004. Apesar disso, eles continuam grandes amigos na realidade. storyline dos APA continuou até princípios de 2004, onde Faarooq foi despedido (storyline. Na realidade, retirou-se) da WWE depois de perder um tag team “You’re fired” match em Boston. Depois, o General Manager da SmackDown!, Paul Heyman, deixou Layfield ficar na companhia, porque esta precisava do seu sentido para o negócio.


Layfield muda então a sua gimmick, para um homem de negócios de Nova Iorque, conservativo, adicionando a sua alcunha “Bradshaw”, ao seu nome real John Layfield. Nascia assim John Bradshaw Layfield, ou JBL. Esta gimmick é baseada no seu sucesso financeiro fora do ring, assim como as suas ideias políticas. O seu novo look começou logo a ganhar o apupar dos espectadores. Não era o mesmo dos APA que bebia cerveja e que era da classe trabalhadora, mas um homem que até conduzia uma Limousine e tinha chapeús, parecidos com os cowboys. A mudança de gimmick foi acompanhada com um movimento da sua posição no card, saindo do “lower mid-card”, direitinho para o main-event em Pay-per-Views, em pouco mais de um mês, devido à saída de Brock Lesnar e lesões dos top-heels do SmackDown! na altura, Kurt Angle e Big Show.

No caminho para o Judgment Day, John Bradshaw Layfield, supostamente, causou um ataque cardíaco à mãe de Eddie Guerrero, num House Show, agarrando-a pelo ombro. No Judgment Day de 2004, JBL derrotou Eddie Guerrero, por DQ, num sangrento combate pelo WWE Title. Como a vitória foi por desqualificação, JBL não venceu logo o título, mas conquistou-o de forma controversa, a seguir, em Junho, no Great American Bash. A decisão inicial da vitória de Guerrero neste Texas Bullrope Match foi anulada pelo General Manager na altura, Kurt Angle, dando a vitória a JBL. Numa repetição, vê-se que JBL tocou no 4º canto, antes de Eddie Guerrero. JBL reteu o título, duas semanas depois, numa Steel Cage, novamente com a ajuda de Kurt Angle. Nas semanas seguintes, JBL venceu muitos combates “squash”, ou seja, aqueles combates em que um lutador domina o combate de princípio a fim, e, depois de reclamar que não iria defender o WWE Championship no SummerSlam, Undertaker desafiou-o pelo título. Por esta altura, JBL contratou Orlando Jordan para este lhe ajudar a vencer combates. No combate, JBL ganhou, mais uma vez, por DQ. Depois do combate, ‘Taker aplica-lhe um Chokeslam na Limousine do campeão.


Então, o General Manager, Theodore Long, marca um “Last Ride match” pelo WWE Title no No Mercy e JBL contrata Gangrel e Viscera (antigos membros da Ministry) para atacarem Undertaker “sempre que o vissem”. No No Mercy, JBL venceu ‘Taker com alguma ajuda de Heidenreich. Apesar de JBL ter ficado com o título durante vários meses, todas as defesas do WWE Title foram ganhas controversamente. Em Novembro de 2004, JBL derrotou Booker T, atacando Booker com o cinto de campeão, enquanto o árbitro estava KO, no tapete. Layfield teve de defender o título novamente no Armageddon, agora num Fatal Four Way, com Eddie, Booker e Undertaker. Depois de mais uma interferência de Heidenreich, que incapacitou o Undertaker, JBL ganhou a vantagem e aplicou a Clothesline From Heel a Booker T para a vitória. A personagem de JBL começou num homem de negócios com sucesso, que parecia concorrer para cargos importantes, mas depois começou-se a referir como o “Deus do Wrestling”, devido à pequena rivalidade com o Campeão Mundial do Raw naquela altura, Triple H.


Durante o tempo de JBL como WWE Champion, ele contratou pessoas para trabalharem para ele. A stable era chamada o “Cabinet”, que continha Orlando Jordan (o Chief of Staff), Doug e Danny Basham (os Co-Secretários de Defesa) também pertenceram até saírem em Junho de 2005. Amy Weber, também pertenceu a este Cabinet, sendo a mulher que cuidava de imagem de JBL, mas mais tarde saiu da WWE, devido a alegados assédios. A WWE explicou a ausência de Weber, colocando JBL a dizer que despediu-a durante uma Tour no Japão e a Cabinet “despareceu” após o SummerSlam 2005. Orlando Jordan foi o único membro a sair sem ser anunciado por JBL e saiu da WWE em Maio de 2006. A sorte de JBL continuou em Janeiro de 2005 e, na Royal Rumble, ganhou a Big Show e Kurt Angle num Triple Threat match, quando fez o pin a Angle após uma Clothesline From Hell. No mês seguinte, no No Way Out, JBL teve de defender o título no primeiro Barbed-Wire Steel Cage match. Este combate era um Steel Cage normal, mas no topo tinha arame farpado para castigar aquele que queria sair. Layfield conseguiu vencer, após ter sofrido um Chokeslam da top rope, “furando” o ring. JBL aproveitou e saiu por debaixo do ring, enquanto Big Show foi lento a sair pela porta de saída. Na edição seguinte do SmackDown!, houve uma “Celebração de Excelência”, celebrando o facto de ser o Campeão a ter mais tempo o título em 10 anos. Uma festa que foi interrompida e arruinada pelo homem que iria defrontar JBL na WrestleMania 21: John Cena.
Em Abril, na WrestleMania, John Cena derrotou JBL pelo WWE Title. O seu reino acabara ali (280 dias como campeão). Mais tarde, JBL conseguiria novamente uma oportunidade pelo WWE Title, derrotando Big Show, Booker T e Kurt Angle num Four-Way Elimination. No Judgment Day, John Cena voltou a vencer JBL num “I Quit” match. Nas próximas semanas, iria ser gozado por Cena e outros wrestlers por ter desistido.


Em Junho de 2005, Layfield apareceu no ECW One Night Stand como um elemento da equipa anti-ECW. Na luta final entre os elementos, JBL, digamos, deu porrada a mais em Blue Meanie, devido a declarações que este tinha feito dias antes. Em Julho, Meanie venceu JBL com a ajuda de Batista numa edição do SmackDown! Layfield e Batista encontraram-se no Great American Bash pelo World Heavyweight Championship, onde JBL venceu por DQ, após receber uma cadeirada de Batista. No SummerSlam, a feud continuou com Batista a derrotar JBL num “No Holds Barred” e, noutra edição do SmackDown!, perdeu novamente num Bullrope match. Após estas derrotas, JBL contratou Jillian Hall para redireccionar a sua carreira. No WWE Homecoming, JBL esteve presente na porrada final entre o Raw e SmackDown! e, no No Mercy, derrotou Rey Mysterio. Layfield iria tornar-se membro da equipa do SmackDown! no Survivor Series, que venceu a outra equipa de wrestlers do Raw, e no Armageddon derrotou Matt Hardy. Em Fevereiro deste ano, JBL teve de ser operado a um quisto não cancerígeno, pelo que a WWE disse que este tinha sido operado depois de partir a mão. Layfield regressaria e ganharia o United States Title a Benoit na WrestleMania 22. Jillian Hall seria despedida depois de um rematch pelo título e JBL, não contente com o US Championship, foi mesmo atrás do World Title de Rey Mysterio. Layfield tentou enfraquecer Mysterio, com este a enfrentar adversários como Great Khali e Kane. No Judgment Day, no entanto, Mysterio conseguiu ganhar a JBL depois de um Frogsplash.


Pouco tempo depois, Layfield perdeu o US Title para Bobby Lashley e teve outra oportunidade pelo World Title, que perdeu. Se perdesse este combate, JBL saíria do SmackDown!, coisa que mais tarde não viria a acontecer, pois JBL afirmou que não tinha um contrato formal com Teddy Long para o combate e que não queria sair da brand. No ECW One Night Stand, JBL apareceu e insultou Tazz, anunciando que seria o substituto dele no SmackDown!. JBL é neste momento comentador da “brand azul”, recuperando de uma lesão grave nas costas.

Como vemos, aquilo que mais contribuiu para a chegada de Layfield ao main-event foi sem dúvida a gimmick, embora claro tenha conhecimento de fans que acham a gimmick um pouco irritante. No meu ver, não há melhor gimmick para um wrestler do que uma com que este se identifique, se sinta bem e que tenha até a ver um pouco com o seu dia-a-dia. JBL é um grande exemplo disso mesmo, tendo a sua personagem de homem de negócios, derivado exactamente dos feitos financeiros de Layfield fora do ring e do seu “best-seller” “Have More Money Now”. Além disso, ainda apresenta um programa de rádio em que discute as suas políticas conservativas. Temos exemplos de grandes gimmicks como Stone Cold e The Rock, que marcaram os anos destes, e JBL sem dúvida que marcou o seu tempo como WWE Champion, se não tivesse o carisma que nos habituou.

Dentro do ring, nunca fui um grande apreciador das qualidades de John Layfield, mas também nunca fui um crítico acérrimo deste lutador. Confesso que ele não é nenhum Kurt Angle, nenhum Chris Benoit nem nenhum Triple H, mas o seu estilo de brigão, de um “brawler” era, talvez, único. Não tinha um move-set muito alargado, isso é óbvio, mas enfim, tinha boa postura no ring e teve um reinado mais do que merecido como WWE Champion. Uma das coisas que não morro de amores no JBL, é, curiosamente, o finishing move. É verdade que a Clothesline From Hell tem impacto e não é pouco, mas simplesmente, não gosto. Acho que pelo facto de ser uma Clothesline com mais potência que as outras não é motivo para ser um finisher, digamos...”credível”?


Outra das qualidades de JBL, vindas com a gimmick, foram as excelentes mic-skills que possui e que neste momento pode-se ver mesmo nos comentários no SmackDown!, sendo talvez os seus pontos altos, nos seus discursos em que parecia que estava em campanha presidencial. No seu reino como WWE Champion era sem dúvida dos melhores, senão o melhor, ao microfone, sendo mais uma das razões pelo seu longo e justificado reino como Campeão. Nos últimos tempos, JBL tem estado também metido em vários episódios que dão que falar, principalmente na comunidade de wrestling na Internet. O primeiro foi já há 2 anos, em Junho mais precisamente, em que num House Show em Munique, na Alemanha, JBL, para ganhar o apupo dos fans, fez a saudação Nazi, recebendo várias críticas da Internet Wrestling Comunity (IWC), apesar de não ser penalizado ou castigado. O outro episódio, já falei nesta crónica: a sua “relação” com Blue Meanie.

Conclusão: quer gostem dele, ou não, o que é certo é que se saísse agora do SmackDown! era mais uma perda de peso para a “brand azul”, ainda para mais agora em que está numa má época. Não há como negar o mérito que teve como Campeão da WWE e não foi por acaso que o foi por muito tempo. Ainda bem que não sai...por agora.

Até para a semana, Pessoal. Comentem!!!