Ao longo da história da WWF houveram sempre personagens e wrestles diferenciados cujas capacidades e aquela estrelinha da sorte que por vezes falta a muitos fizeram deles ou jobbers, mid-cardes, main-eventers, ou mesmo figuras históricas que se destacarão para sempre quando o assunto da discussão é wrestling. Eu vou falar-vos de um grande homem, mas principalmente de um grande wrestler, um dos meus favoritos, Mick Foley. Foi um homem que ao longo da vida em tudo o que fez se afastou do lado negro da polémica (Drogas, as famosas grandes festas ou escândalos familiares e sexuais) e trabalhou com empenho incansável, de modo a poder fazer dele um dos melhores do mundo. Falando de Foley com wrestler, é um homem que o público ou ama ou detesta, devido à sua insanidade extrema, a(s) sua personagem louca e histérica, a sua supermacia hardcore e o seu talento e capacidade de lutar e sofrer.
Ficaram para sempre na história do pro-wrestling as imagens de Mankind a ser lançado por duas vezes do alto da cela de cerca de 15 metros, assim como pricipalmente o seu sorriso absolutamente macabro dentro da jaula, após ter caído do topo da cela para dentro do ringue, mostrando o que se passava naquela complexa e conturbada mente. Pormenores à parte, este combate foi memorável, e contrubíu desisivamente para a ascensão de Mick Foley como um dos grandes nomes do wrestling profissional, assim como que reforçava mais a sua fama de louco. Algumas “recordações” que Mick cotraíu deste encontro foram duas costelas partidas e um disco em muito mau estado.
Passados menos de trinta dias, Mankind capturava o seu primeiro título de campeão de Tag Team na WWF com outra lenda do ofício, Kane. Após perder o tíulo para os New Age Outlaws, Mankind recebeu o título de campeão de Hardcore (o primeiro) em Dezembro de 1998, recompensando-o pelos serviços extremos prestados à federação, e em reconhecimento de uma carreira hardcore que já se revelava histórica. No entanto, o ponto alto da sua carreira ainda esteva para vir, ao se tornar campeão da WWF pela primeira vez em três, ainda que o seu reinado mais longo fosse de vinte dias. Mas apesar do diminuto tempo, este acontecimento continuava a ser extremamente significativo, tendo em conta ainda por cima o facto de Mankind não ser um wrestler extremamente brilhante do ponto de vista técnico, e principalmente o facto de ser uma personagem oposta em relação ao perfil físico dos grandes campeões tanto de wrestling como de outras modalidades bastante populares. Mick Foley ainda ganhou o título de campeão do mundo de Tag Team com o The Rock, formando os “Rock ‘n’ Sock Connection” por três vezes e uma com Al Snow.

Outra das razões pela qual Foley se tornou num icone do wrestling profissional foi o facto de competir com as suas três gimmicks pela mesma altura, Mankind, a mais famosa e rentável, Cactus Jack, que trazia velhas memórias aos fãs mais hardcore, e Dude Love, que represntava o seu sonho juvenil de um dia ser campão da WWF e de se tornar um dos melhores de sempre, o que tinha sido realizado. Dude representou outra adição de informação para os fãs em relação à complexa cabeça de Mick, pois esta personagem saída do seu louco e visionário imaginário era precisamente o oposto do canibal Mankind. Dude Love ainda ganhou o título de campeão do mundo de Tag Team com Stone Cold.
Um momento que traduz esta situação foi a entrada de todas as três gimmicks na Royal Rumble de 1998, acabando todas elas eliminadas. As gimmicks da Mankind e Dude Love não desenvolveram muito mais ao longo da história, apesar de Foley ainda aparecer ocasionalmente a represntá-las, como foi na Taboo Tuesday de 2005, quando Mankind venceu Carlito. Cactus Jack passou a ser a mais utilizada apartir de meados de 2000. Outro combate memorável de Foley foi sob esta gimmick no No Way Out desse mesmo ano, contra Triple H, que quase terminou a sua carreira. Este é um combate extremamente violento e doentio, apesar de não ser considerado um grande clássico. Muito sangue correu, deu-se a aparição da famosa barbie de Cactus (um bastão de basebol com arame farpado à volta) e este foi lançado novamente do alto da cela, furando a rede e depois o ringue! Triple H venceu, e como se tratava de um Wold Title/Retirement Match, Foley foi forçado a retirar-se durante uns quatro anos.

Voltaria em 2004 para uma feud com os Evolution que o levou a fazer Tag Team com The Rock para enfrentar Batista, Ric Flair e Randy Orton na Wrestlemania XX. A “Rock n’ Sock Connection” acabou derrotada, mas Foley ainda lutou contra Randy Orton pelo seu título Intercontinental no Backlash num combate hardcore, perdendo outra vez (sempre com a gimmick de Catus Jack), de modo a dar um grande empurrão na carreira do “Legend Killer”, que acabou por ter vencido uma das maiores de sempre.
Em 2006 regressou outra vez à programação assidua da Raw com vista a reforçar o pobre cartaz da Wrestlemania 22 num combate hardcore contra outra super estrela em ascenção, Edge, contribuindo para o seu futuro sucesso, e consagrando o canadiano como um “apalpa toda a obra”, ao mesmo tempo que preenchia um vazio na sua carreira, a posse de um momento histórico no maior pay-per-view do ano, ao sofrer um spear de Edge para uma mesa incandescente, montada fora do ringue.
Finalmente, gostaria de sublinhar a importância deste homem para o desenvolvimento da WWF/E, que sem ele não era o que é hoje, principalmente na medida que criou uma vertente de entretenimento desportivo quase literário, sendo cómica, técnicamente qualificada e muito acessível, exemplos das características das suas personagens, que através de episódios muito pitorescos despertam emoções diversas nos espectadores. Soube oferecer bem o sua personagem como Mick Foley, que alegadamente se alimenta de várias personagens em confito na sua mente.
Em termos de wrestling, Foley não é aquilo que actualmente Flair faz dele. Não é um deus do wrestling puro como é Kurt Angle nem um performer super competente e qualificado como Shawn Michaels. Tem o seu move-set, que é médio, e encaixa bem as manobras nos tempos certos. Digamos que tecnicamente tem capacidades de um bom mid-carder. É competente em quase todos os tipos de combate, mas o hardcore é como que o seu habitat natural, devido às suas características de wrestler e muito à sua personalidade. O que é certo é que este homem mudou a face do pro wrestling, e certamente ganhou um estatuto imortal na história do desporto, quer se seja mais adepto do wrestling puro, do wrestling espectáculo ou do hardcore não há como negá-lo.
Mick Foley, uma verdadeira lenda da WWF.
