Ao longo da história da WWF houveram sempre personagens e wrestles diferenciados cujas capacidades e aquela estrelinha da sorte que por vezes falta a muitos fizeram deles ou jobbers, mid-cardes, main-eventers, ou mesmo figuras históricas que se destacarão para sempre quando o assunto da discussão é wrestling. Eu vou falar-vos de um grande homem, mas principalmente de um grande wrestler, um dos meus favoritos, Mick Foley. Foi um homem que ao longo da vida em tudo o que fez se afastou do lado negro da polémica (Drogas, as famosas grandes festas ou escândalos familiares e sexuais) e trabalhou com empenho incansável, de modo a poder fazer dele um dos melhores do mundo. Falando de Foley com wrestler, é um homem que o público ou ama ou detesta, devido à sua insanidade extrema, a(s) sua personagem louca e histérica, a sua supermacia hardcore e o seu talento e capacidade de lutar e sofrer.
Este homem fez e continua a fazer coisas que nós, fãs achamos absolutamente impenséveis e que se revelaram importantes e inovadoras , também ridículas, mas tendo em conta o seu propósito, geniais. Tal como por exemplo falar de comer bolinhos de chocolate no seu cadeirão em casa, cortar-se todo com arame farpado, magoar-se masoquisticamente com cadeiras metálicas, gritar e gesticular coisas que nos fazem parecer que saíu recentemente de um manicómio, ou vestir-se à pai natal. Tenciono ao longo deste artigo ir por detrás da máscara, ou "desmembrar" as lendas de Cactus Jack e Dude Love. Em suma, este artigo è sobre Michael Francis Foley, um dos grandes competidores da WWF/E, que sem dúvida tem um lugar ao sol um dia mais tarde no Hall Of Fame, mas principalmente, na memória dos espectadores, recordando-o como um performer único.
Michael Foley nasceu a sete de Junho de 1965, em Bloomingham, Indiana. Durante a sua infância mudou-se juntamente com a sua família para East Setauket, long Island em Nova Iorque, local onde ainda vive. O jovem Mick (literalmente o pequnito da sr. Foley) frequentava o liceu de Lacrosse, até que se deram os primeiros contactos visuais com a modalidade. Foley encontrou-se a pouco e pouco tão encantado com o wrestling que conta que um dia caminhou de East Setauket até ao coração de Nova Iorque só para ver Jimmy Snuka a lutar ao vivo (distância que demora cerca de uma hora e meia de automóvel sem qualquer tipo de engarrafamento a ser percorrida). Depois dessa fase fanática, Mick continuou um maniaco do wrestling, mas começou a passar à prática, filmando dois home videos sobre wrestling e cuja personagem principal era uma estrela da WWF criada por ele chamada Dude Love. Esta estava numa odisseia sem fim para capturar o título de campeão da WWF. No clímax da história, Mick Foley salta do telhado de um amigo dele para cair num amontoado de entulho e caixas de cartão, revelando logo desde muito cedo a sua aptência para a vertente hardcore e o seu espírito de sacricfício voluntário. A cassete chegou ás mãos de um wrestler profissional, Dominic Dennuci, e este considerou o jovem muito talentoso e cheio de margem de progressão, tendo convidado-o para a sua escola de treinos.
Mick tinha assim "entrado na família" de wrestlers nova-iorquinos, efectuado contactos e fazendo amigos, ao mesmo tempo que evoluía cada vez mais tecnicamente e físicamente, de modo a puder estrear-se numa liga profissional. A sua primeira aparição foi na antiga e já extinta AWA, onde passou discreto e à margem do que puderia fazer. Mais tarde após uma passagem sem brilho pela WCW, Foley encontrou-se na ascendente ECW, que na altura angariava os wrestlers mais extremos e loucos, tal como Foley, que competiu aí sempre sob o seu alter-ego Cactus Jack, um matarro bem rude, insano, louco, sem noção do perigo e da morte, sendento de sangue e de poder no sentido pleno dessas palavras. Cactus foi uma criação do mesmo, que revelou também desde o príncipio da carreira o seu potencial como entertainer, writer e encantador de multidões, quer através dos slogans, promos e evidentemente, personagens com temperamentos e características tão diferênciadas. Cactus Jack era como se fosse um marginal parecido com o nosso tio, obcecado com a dor alheia e com a violência gratuita. A sua inacreditável resitência e coragem, juntamente com o seu famoso Double-Arm DDT ajudou-o a ganhar os títulos de campeão de Tag Team da ECW por duas vezes, porém em apenas um ano a sua carreira lendária iria mudar drasticamente com o seu contracto e mudança para a WWF e com uma criação que só pode ser comparada à criatura de Frankenstein, denominada de Mankind.
Esta personagem representou uma partícula valiosissíma da pura genialidade que habitava as cabeças da equipa creativa da WWF (algo que não acontece hoje, quem sabe à conta de sucesso e tranquilidade a mais e das grandes festas...), assim como de Foley, claro, e da sua capacidade intrepretativa. Mankind era completamente isano com muitos contornos canibalísticamente macabros, assim como o fascínio pela mutilação e punição física, juntamente com a intimidação psicológica mútua. Os seus guinchos de "Vou Engolir-te ViiiiiiVooooo!", juntamente com um novo finisher nojento e doloroso davam a impressão de que esta espécie de mutante era uma ameaça para a sociedade. Mankind foi e permanece como a personagem mais insana que passou pela WWF, e não havia melhor wrestler para representá-la do que Mick Foley. De todos os seus gimmicks, este foi o que fez com que o wrestler de Long Island fosse tremendamente bem sucedido, e com um gestão muito bem sucedida da personagem que passou pela apresentação do homem por detrás da máscara e com a sua comparação com o monstro em termos de masoquismo e sadismo arrastou também Cactus Jack e Dude Love, assim como principalmente a “persona” de Mick Foley para o “super-estrelato”. Apesar de ter tido sempre bastante sucesso na WWF, não era considerado um performer de primeira classe até ao combete histórico contra o Undertaker no King of the Ring de 1998, num Hell In A Cell (na minha opinião o segundo melhor de sempre, mas o mais louco combate de sempre).
Ficaram para sempre na história do pro-wrestling as imagens de Mankind a ser lançado por duas vezes do alto da cela de cerca de 15 metros, assim como pricipalmente o seu sorriso absolutamente macabro dentro da jaula, após ter caído do topo da cela para dentro do ringue, mostrando o que se passava naquela complexa e conturbada mente. Pormenores à parte, este combate foi memorável, e contrubíu desisivamente para a ascensão de Mick Foley como um dos grandes nomes do wrestling profissional, assim como que reforçava mais a sua fama de louco. Algumas “recordações” que Mick cotraíu deste encontro foram duas costelas partidas e um disco em muito mau estado.
Passados menos de trinta dias, Mankind capturava o seu primeiro título de campeão de Tag Team na WWF com outra lenda do ofício, Kane. Após perder o tíulo para os New Age Outlaws, Mankind recebeu o título de campeão de Hardcore (o primeiro) em Dezembro de 1998, recompensando-o pelos serviços extremos prestados à federação, e em reconhecimento de uma carreira hardcore que já se revelava histórica. No entanto, o ponto alto da sua carreira ainda esteva para vir, ao se tornar campeão da WWF pela primeira vez em três, ainda que o seu reinado mais longo fosse de vinte dias. Mas apesar do diminuto tempo, este acontecimento continuava a ser extremamente significativo, tendo em conta ainda por cima o facto de Mankind não ser um wrestler extremamente brilhante do ponto de vista técnico, e principalmente o facto de ser uma personagem oposta em relação ao perfil físico dos grandes campeões tanto de wrestling como de outras modalidades bastante populares. Mick Foley ainda ganhou o título de campeão do mundo de Tag Team com o The Rock, formando os “Rock ‘n’ Sock Connection” por três vezes e uma com Al Snow.
Outra das razões pela qual Foley se tornou num icone do wrestling profissional foi o facto de competir com as suas três gimmicks pela mesma altura, Mankind, a mais famosa e rentável, Cactus Jack, que trazia velhas memórias aos fãs mais hardcore, e Dude Love, que represntava o seu sonho juvenil de um dia ser campão da WWF e de se tornar um dos melhores de sempre, o que tinha sido realizado. Dude representou outra adição de informação para os fãs em relação à complexa cabeça de Mick, pois esta personagem saída do seu louco e visionário imaginário era precisamente o oposto do canibal Mankind. Dude Love ainda ganhou o título de campeão do mundo de Tag Team com Stone Cold.
Um momento que traduz esta situação foi a entrada de todas as três gimmicks na Royal Rumble de 1998, acabando todas elas eliminadas. As gimmicks da Mankind e Dude Love não desenvolveram muito mais ao longo da história, apesar de Foley ainda aparecer ocasionalmente a represntá-las, como foi na Taboo Tuesday de 2005, quando Mankind venceu Carlito. Cactus Jack passou a ser a mais utilizada apartir de meados de 2000. Outro combate memorável de Foley foi sob esta gimmick no No Way Out desse mesmo ano, contra Triple H, que quase terminou a sua carreira. Este é um combate extremamente violento e doentio, apesar de não ser considerado um grande clássico. Muito sangue correu, deu-se a aparição da famosa barbie de Cactus (um bastão de basebol com arame farpado à volta) e este foi lançado novamente do alto da cela, furando a rede e depois o ringue! Triple H venceu, e como se tratava de um Wold Title/Retirement Match, Foley foi forçado a retirar-se durante uns quatro anos.
Voltaria em 2004 para uma feud com os Evolution que o levou a fazer Tag Team com The Rock para enfrentar Batista, Ric Flair e Randy Orton na Wrestlemania XX. A “Rock n’ Sock Connection” acabou derrotada, mas Foley ainda lutou contra Randy Orton pelo seu título Intercontinental no Backlash num combate hardcore, perdendo outra vez (sempre com a gimmick de Catus Jack), de modo a dar um grande empurrão na carreira do “Legend Killer”, que acabou por ter vencido uma das maiores de sempre.
Em 2006 regressou outra vez à programação assidua da Raw com vista a reforçar o pobre cartaz da Wrestlemania 22 num combate hardcore contra outra super estrela em ascenção, Edge, contribuindo para o seu futuro sucesso, e consagrando o canadiano como um “apalpa toda a obra”, ao mesmo tempo que preenchia um vazio na sua carreira, a posse de um momento histórico no maior pay-per-view do ano, ao sofrer um spear de Edge para uma mesa incandescente, montada fora do ringue.
Finalmente, gostaria de sublinhar a importância deste homem para o desenvolvimento da WWF/E, que sem ele não era o que é hoje, principalmente na medida que criou uma vertente de entretenimento desportivo quase literário, sendo cómica, técnicamente qualificada e muito acessível, exemplos das características das suas personagens, que através de episódios muito pitorescos despertam emoções diversas nos espectadores. Soube oferecer bem o sua personagem como Mick Foley, que alegadamente se alimenta de várias personagens em confito na sua mente.
Em termos de wrestling, Foley não é aquilo que actualmente Flair faz dele. Não é um deus do wrestling puro como é Kurt Angle nem um performer super competente e qualificado como Shawn Michaels. Tem o seu move-set, que é médio, e encaixa bem as manobras nos tempos certos. Digamos que tecnicamente tem capacidades de um bom mid-carder. É competente em quase todos os tipos de combate, mas o hardcore é como que o seu habitat natural, devido às suas características de wrestler e muito à sua personalidade. O que é certo é que este homem mudou a face do pro wrestling, e certamente ganhou um estatuto imortal na história do desporto, quer se seja mais adepto do wrestling puro, do wrestling espectáculo ou do hardcore não há como negá-lo.
Mick Foley, uma verdadeira lenda da WWF.